Pandemia impulsiona cobertura sob demanda no mercado de seguros


Foram muitos os efeitos que a pandemia do Coronavirus trouxe no mundo. É claro que os mais preocupantes são os vinculados com a saúde pública junto com as consequências económicas: só por dar um exemplo, segundo o índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação oficial subiu 0,83%, a maior alta para o mês em 25 anos.

Ainda assim, talvez umas das mais importantes para a população, tenham sido as mudanças acontecidas no dia a dia. Antes da chegada do vírus, uma pessoa média ficava a maior parte do dia fora de casa para cumprir com as suas atividades cotidianas. Só que agora existem inúmeras tarefas que podem ser feitas desde a seguridade do lar, sem precisar de sair. Atualmente é possível trabalhar e ter aulas desde casa, fazer transações nos bancos, comprar por e-commerce (setor que cresceu em 73% num ano só) e até fazer ginástica ou receber atendimento médico.

Com esse panorama, os efeitos do vírus também atingiram os diferentes tipos de seguros e planos oferecidos pelas companhias seguradoras. Particularmente, o contexto impulsionou o lançamento de coberturas on demand, também conhecidas como coberturas “pay per use” (pague pelo uso). Na verdade esta modalidade já existia no país desde 2019, quando uma circular da Superintendência de Seguros Privados (Susep) autorizou a comercialização de seguros com duração reduzida ou por períodos intermitentes. Mesmo assim, a contratação na época era baixa, principalmente pelo desconhecimento do público e a falta de confiança.

Para os executivos do setor, a pandemia ofereceu uma nova perspectiva sobre a oferta das novas apólices, principalmente pela necessidade dos consumidores de dar um ajuste no orçamento: é que estes produtos são bem mais econômicos do que as coberturas tradicionais.

Mas então, qual é a novidade destas coberturas?

Em termos gerais, existem duas modalidades principais de seguros “intermitentes”. A mais comum é aquela na qual o segurado paga um valor mensal fixo mais um adicional variável determinado conforme a utilização. Neste caso a diferença de preço com os seguros tradicionais não é muita. Na outra modalidade diretamente não existe mensalidade e o valor a pagar é determinado pelo tempo de uso do bem. Em ambas tipologias, é preciso contar com um aplicativo no celular mediante o qual o cliente ativa a proteção e no qual fica o registro do tempo de uso. Em alguns casos, as seguradoras também colocam um dispositivo de monitoramento no carro, não só para calcular o tempo de uso da cobertura, mas também para fazer um seguimento que facilita a prevenção de roubos e furtos, entre outros sinistros.

Fica muito claro o motivo do atual sucesso: é só pensar no dia a dia da maioria das pessoas. Com as medidas preventivas de contágios e as pessoas ficando mais tempo nas casas, os carros ficam parados em espaços seguros a maior parte do tempo. A verdade é que os riscos diminuem ao mínimo quando o veículo está no prédio ou na garagem e, mesmo assim, o usuário paga o mesmo valor mensal do que antes. A possibilidade de pagar só nos momentos em que o carro ficasse exposto a perigos parece ter sido uma proposta que vem ganhando espaço nos consumidores. 


Fonte: Jornale.