Seguradoras devem fazer alianças para cobrir riscos de pequenos negócios
EXCLUSIVO – “O período sem precedentes que a humanidade enfrentou pode ter lançado luz para a necessidade de que é preciso unir esforços entre o mercado de seguros, bancos, governos e instituições internacionais para desenvolver soluções capazes de cobrir a necessidade de proteção dos pequenos negócios”. Esta é o opinião do presidente mundial da Mapfre, Antonio Huertas, que está em visita ao Brasil.
Mesmo com uma visão holística dos riscos, Huertas acredita que o final da pandemia é um bom momento para pensar nas oportunidades que o setor de seguros oferece, principalmente nos mercados que ocupam grande fatia das operações da companhia global, como Espanha (30%), Brasil (15%) e Estados Unidos (10%).
“Ultrapassamos a crise global apresentada pela pandemia com uma qualificação notável e bons índices de solvência e índice combinado. Fora da Europa, apesar da situação da América Latina ser um pouco complicada e sensível, do ponto de vista econômico e político, ainda há oportunidades de negócios e um grande espaço potencial para consumo de seguros”, avaliou Huertas. Ele acrescentou que os números do primeiro semestre da companhia apresentaram crescimento de 6% em nível global.
CENÁRIO DESAFIADOR
O presidente da unidade brasileira da Mapfre, Felipe Nascimento, disse que as perspectivas para os próximos meses é de otimismo em um cenário desafiador. De acordo com estudos da Mapfre Economics, o Brasil é o 8º colocado entre países com potencial de consumo de seguros, fruto da baixa penetração dos produtos do setor. “A crise mostrou a resiliência do mercado de seguros, com um crescimento decorrente da sensibilidade das pessoas à necessidade de proteção”.
A Mapfre desenhou um plano para os próximos três anos, que envolve os pilares de cultura, estratégia e comunicação. “No estudo da parte estratégica, nos confirmamos que o mercado anda de lado em algumas carteiras, mas é preciso analisar por ramos”, analisou o executivo. No seguro de automóvel, por exemplo, o uso de novas tecnologias colocou no radar apólices cobradas por comportamento e uso. Do ponto de vista regulatório, já houve a flexibilização.
Em vida é preciso aumentar a penetração, principalmente nos produtos de vida em grupo. No seguro individual é possível trabalhar produtos mais criativos e modernos, como vida misto, unit link, revisando a jornada dos distribuidores. “Sou bastante otimista com esta questão”, completou Nascimento. Desde o início da pandemia, a Mapfre Brasil já pagou mais de R$ 1,3 bilhão em sinistros.
Outro ponto importante que está no radar da empresa são os investimentos responsáveis para evoluir o portfólio ESG, além da igualdade de gênero e inclusão. Huertas aponta que esta já é uma bandeira da Mapfre há muito tempo, mas que agora é ainda mais necessário ter uma empresa inclusiva. “Precisamos trabalhar para avançar na proteção do clima e do meio ambiente, com compromisso de neutralidade de emissão de carbono. Isso para que a companhia não seja apenas um negócio, mas que esteja comprometida com a sociedade”, ratificou Huertas.
Nascimento ressaltou que, no caso do Brasil, “olhamos para a realidade local, apoiamos as pessoas da comunidade e pensamos se faz sentido criar alguma solução que seja aderente às necessidades do público em situação de vulnerabilidade”.
Nos planos futuros da empresa está a comercialização de seus produtos em diversos canais. A companhia já está em conversas adiantadas com bancos digitais para esta distribuição. Entretanto, os executivos reiteraram que isso em nada interfere nos negócios e no relacionamento com o corretor de seguros, que sempre foi baseado na transparência. “O cliente é soberano para decidir como quer adquirir o seguro, mas este é um produto complexo e os corretores são figuras fundamentais na consultoria”, destacou Huertas.
Fonte: Revista Apólice