Tendências para o futuro do mercado segurador
Não importa o quanto o mercado de seguros seja precavido, não havia como conjecturar a ocorrência de uma pandemia. Ainda assim, com todas as dificuldades decorrentes da Covid-19, o setor não só conseguiu se manter de pé, mas também honrou o compromisso imposto pela própria natureza de sua existência: proteger as pessoas. As seguradoras pagaram, do início da pandemia até julho de 2021, R$3,7 bilhões em indenizações às famílias das vítimas da covid-19. Além disso, ainda, conseguiram crescer durante o período.
Mudanças no setor após a Covid-19
Após um evento de impacto mundial, muitos estudiosos e analistas passaram a debater quais foram as transformações ocorridas após a Covid-19 em cada segmento de atuação. Durante a décima edição do Fórum Nacional de Seguro de Vida e Previdência Privada, realizado pela Fenaprevi, técnicos e especialistas do segmento debateram temas como: o papel do setor securitário e previdenciário durante a pandemia, os desafios futuros da área, o aumento da longevidade da população, as mudanças no mercado de trabalho e a adaptação dos produtos às tecnologias atuais. Dentre os vários pontos debatidos, alguns foram destaque.
Seguradoras utilizaram dados para enfrentar a maior crise sanitária do século
No painel “Os impactos e as lições da pandemia: economia, saúde e comportamento”, foram discutidos os bastidores do enfrentamento da maior crise sanitária do século e como as seguradoras se utilizaram de dados e do apoio da comunidade científica para se estruturarem para essa batalha. Cientistas e médicos trouxeram lições e reflexões, como os impactos sociais da pandemia, da “covid longa” para o setor e a possibilidade de novas epidemias no futuro.
Vacinação reduziu pedidos de indenização por covid
Na conversa, um dos destaques foi o detalhamento do estudo de previsão de mortalidade fomentado pela Fenaprevi e conduzido pela equipe da professora Thais Fonseca, da UFRJ. Com o objetivo de dar mais segurança ao mercado, o estudo cruzou dados locais com o de outros países, considerando variáveis como as políticas de enfrentamento adotadas por cada país e as faixas etárias das carteiras de seguros de vida. O estudo comprovou a eficácia da vacinação para a redução do agravamento da doença e nas internações hospitalares, e relacionou a evolução da vacinação com a queda nos pedidos de indenização por covid.
Desafios e oportunidades gerados pelo envelhecimento da população brasileira
O painel “Longevidade e Planejamento -- Ajustando as velas aos ventos: o que fazer para que seu dinheiro não acabe antes de vocês” discutiu, sob diversos pontos de vista, os desafios e oportunidades gerados pelo envelhecimento da população brasileira. Uma pesquisa inédita conduzida pelo Núcleo Data8, da consultoria Hype 50+, apresentada durante o Fórum, indicou que as mudanças impostas pela pandemia também afetaram o padrão de comportamento de consumo de homens e mulheres com mais de 50 anos (os chamados “50+”).
25% da população brasileira está acima dos 50 anos
Segundo o IBGE, dados deste ano apontam que já são quase 55 milhões de brasileiros acima de 50 anos, ou seja, 25% da população brasileira.
Mercado “50+” movimenta dois trilhões de reais no Brasil
O mercado formado pelos “50+” movimenta, aproximadamente, dois trilhões de reais só no País. No mundo, o valor ultrapassa 15 trilhões de dólares.
Alto potencial de consumo
O crescimento do número de consumidores maduros dá o tom da urgência das discussões de inclusão em vários setores da sociedade. Segundo a pesquisa, 39% dos brasileiros “50+" dizem que são a única fonte de renda de sua casa, e 73% dos brasileiros “55+” dizem que vivem do seu próprio sustento, sem depender de filhos e/ou netos.
Perfil de consumidores “50+”
A pesquisa mapeou perfis inéditos de consumidores brasileiros acima de 50 anos. São eles:
- Autossuficientes: se preparam para quando se tornarem dependentes, a fim de custear uma estrutura que não impacte a família;
- Sábios: conquistaram reconhecimento e poder de influência dentro do seu grupo social, seja por uma carreira profissional bem-sucedida, seja por uma experiência e bagagem de vida que os diferencia dos demais; Agregadores: perfil mais tradicional que costuma agregar pessoas da família ao entorno de si e cuidam de parentes, inclusive financeiramente;
- Cuidadoras: pessoas que se responsabilizam diretamente por parentes, quase sempre vivem com um ou mais membros da família e se dedicam a cuidar dos familiares, inclusive parando de trabalhar para isso. São pessoas normalmente mais estressadas e que demandam apoio emocional;
- Exploradores: buscam viver de maneira mais livre, sem amarras familiares e explorando as possibilidades da maturidade, investindo apenas em si. Neste perfil as pessoas tendem a gastar mais do que ganham.
Eles estão mais conectados
Segundo o Data8, 77% dos brasileiros “50+” acessam a internet todos os dias, e 43% dos brasileiros “50+” compraram produtos e/ou serviços pela internet nos últimos 12 meses. E 7 de cada 10 brasileiros “50+” usam as redes sociais para se conectar profissionalmente. Paralelamente à uma maior conectividade, o perfil de consumo também ganhou destaque. De acordo com o estudo, pessoas maduras no Brasil tendem a buscar prazeres imediatos na vida, a aproveitar o agora.
Transformação digital
No quarto painel do Fórum, a vice-presidente da Prudential do Brasil, Patricia Freitas, foi questionada sobre o processo de transformação digital, tanto para produtos como para canais. Ela respondeu enfatizando ser um processo irreversível e benéfico para clientes, distribuidores e para a sociedade, de maneira geral. “Com a pandemia, a digitalização nas empresas avançou cinco anos, e nas seguradoras, em nossos parceiros e nas companhias não foi diferente. Nos adaptamos como empresas, empregadores e, também, como distribuidores por conferir mais acesso aos nossos produtos, às ferramentas necessárias para os distribuidores. Conseguimos fazer tudo isso em um curto espaço de tempo e os resultados comprovam”. “Hoje o cliente vive no mundo digital. Quem não vivia, passou a viver de alguma forma” Patrícia explica que ainda há muito a ser feito.
“Hoje o cliente vive no mundo digital. Quem não vivia, passou a viver de alguma forma".
Seja porque nesses dois anos passou a comprar digitalmente, porque foi necessário se comunicar muitas vezes sem poder sair de casa, e isso não vai parar. Ainda temos muito a fazer, especialmente para assegurar experiências e ferramentas melhores para os consumidores e distribuidores”, frisou.
A importância do corretor foi reforçada
Questionado sobre como o corretor de seguros está contextualizado nesse novo cenário pós-pandemia, Armando Vergílio, presidente licenciado da Fenacor, afirmou que é evidente que os agentes do setor, considerando as qualificações, estão aptos para levar as melhores opções de proteção aos consumidores. Ele explicou: “Hoje existe sim uma consciência e um nível de interesse dos corretores – até porque, do ponto de vista institucional, nós temos pregado que o profissional cumpra a filosofia de que ele passe a diversificar a sua atuação se constituindo não mais, digamos, em um intermediário, principalmente no que diz respeito aos ramos elementares, mas que se apresente como um grande provedor de proteção para o cliente”.
Tendências são positivas contanto que…
De acordo com os dados apresentados no Fórum, as tendências para o setor são bastante positivas, contanto que os players da área saibam explorar os novos mercados, como o de segurados“50+”, por exemplo, continuem investindo no mundo digital e reforçando o elo com o cliente por meio do corretor. Além disso, que o setor saiba reagir a qualquer crise da mesma forma que reagiu à pandemia: com habilidade e prontidão.
Fonte: Insurtalks