Oportunidades 2023 no ESG e na Sustentabilidade

O fim do ano é quando fazemos um balanço de tudo o que passou. E no começo de ano é para nos prepararmos para o ano que está chegando, com os planejamentos de trabalho e melhorias na nossa vida pessoal. Aquela meta de entregar tudo o que não conseguiu no trabalho, aquela meta financeira pessoal ou ainda aquele regime que sempre é para começar na segunda-feira. Existem aqueles que, neste ano, começarão um negócio ou aquelas que darão um salto na carreira.

Mas para todos estes planejamentos, seja pessoal ou profissional, é fundamental analisar o cenário em que estamos inseridos. Seria como se estivéssemos entrando em um novo ambiente. Sabe quando você está indo para uma festa que não conhece ninguém em um lugar desconhecido? E aí você chega na festa e analisa o ambiente: vê onde estão as mesas, analisa o local da comida, já entende de onde saem as bebidas, tenta entender se tem garçom ou se você que tem que pegar a comida, olha as “rodinhas” de pessoas e seus papos, vê a decoração, sente o estilo de música, as roupas e a idade das pessoas etc.

E nesta analogia, podemos entender o macroambiente como algo externo a você e aos seus pensamentos. Para as organizações, a análise de macroambiente é fundamental para o planejamento anual, pois estes fatores externos podem influenciar e interferir no seu plano anual. Algumas destas variáveis importantes para analisar e ler bastante antes ou durante a elaboração do seu planejamento anual são os fatores: políticos, econômicos, socioculturais, tecnológicos, ambientais, legais e geográficas.

Tenho lido muitas análises em cada um dos setores para este ano. E no caso das empresas, existe um otimismo dos CEOs de empresas na América do Sul, segundo a pesquisa da “KPMG 2022 CEO Outlook” realizada com 255 líderes de oito países sul-americanos, incluindo o Brasil. O estudo mostra que 91% estão confiantes ou muito confiantes no crescimento das empresas que eles lideram, uma porcentagem superior comparada a respostas dos líderes globais (85%). No caso dos líderes sul-americanos, 90% colocaram o propósito corporativo como importante para o impulsionamento do desempenho financeiro e 73% dos líderes globais apontaram este tema como importante.

Na temática do ESG, 45% dos líderes na América do Sul e 34% do grupo global, apostam que o fator principal da aceleração da estratégia ESG das empresas será trabalhar proativamente as questões sociais com o aumento dos investimentos em salários dignos, direitos humanos e uma transição justa. Mas o desafio da falta de orçamento para investir no ESG está no radar de apenas 5% dos sul-americanos e 15% do grupo global.

E 69% dos líderes da América do Sul e 72% dos CEOs globais acreditam que cada dia mais o interesse dos stakeholders sobre o desempenho da empresa nas questões sobre ESG continuará aumentando.

Em outro estudo da consultoria e auditoria EY de novembro de 2022, com o título “EY Global Corporate Reporting and Institutional Investor Survey”, 99% dos 1.040 líderes financeiros seniores nas empresas e 320 investidores ao redor do mundo afirmaram que utilizam as divulgações ESG das empresas como parte de suas decisões de investimento. E 78% dos pesquisados acreditam que, mesmo que reduza os lucros no curto prazo, as empresas devem fazer investimentos que abordem questões ESG relevantes para seus negócios.

Estas foram algumas das várias pesquisas, reportagens, análises, entre outras fontes que achei muito interessante para este artigo.

No artigo que faço um balanço de 2022, coloquei um tópico sobre os muitos movimentos contrários ao ESG que começam a surgir devido à falta de controle, fiscalização, auditoria gerando o greenwashing ou ESGwashing.

Outra questão que sempre será discutida é a ética e o compliance, que faz parte do G de governança do ESG, e precisa estar nas empresas como o ar que respiramos.

Dentro destas perspectivas, nesta “festa” que estamos entrando – conforme a analogia citada no começo do artigo – podemos olhar sempre com o copo meio cheio ou meio vazio. E em cima do copo meio vazio podemos criar oportunidades de negócios, trabalhos, cursos e desenvolvimento pessoal. Por exemplo, no caso da ética e compliance, existem muitas consultorias trabalhando com as grandes empresas. Vejo também muitas vagas e cursos para estes temas. Além de empresas de tecnologia criando soluções com inteligência artificial e internet das coisas para ajudar na gestão das empresas nestes temas.

No caso do ESG, cada dia mais vejo cursos, vagas, empresas de consultoria, auditorias, entre outras oportunidades. No meu perfil do Linkedin, tento semanalmente colocar as vagas que me enviam e que faço curadoria voluntária. Mas não podemos achar que sem experiência na área as empresas contratarão. É necessário estudo e experiência para tal. Pode ser uma experiência próxima ou ainda em alguma área relevante como uma ONG, se for, por exemplo, uma área de investimento de impacto social ou ambiental. Ou ainda, uma experiência em um negócio ou startup de negócio de impacto socioambiental.

Como toda listinha de metas do ano, precisamos colocar também os passos para chegar a estas metas. Não adianta só escrever e pronto. É necessário ir atrás e ver os degraus a subir. Não esquecendo de analisar o macroambiente, ou o ambiente da festa que você está entrando. Feliz ano!

* Por Marcus Nakagawa é professor doutor da ESPM

Fonte: Revista Insurance Corp