Os Caminhos Para O Seguro No Metaverso

De alguns anos para cá, notícias sobre novas ferramentas de realidade virtual e quais podem ser campos de aplicação se tornaram mais comuns. Dentre os assuntos mais falados e alvo de conjecturas diversas, está o metaverso, mais ainda depois que os aplicativos Facebook, Instagram e WhatsApp mudaram de identidade para dar foco a novas iniciativas da empresa em torno do conceito de metaverso. Para falar sobre as possibilidades e explicar como o setor de seguros pode atuar no metaverso,o SeguroCast, um programa realizado pela Rádio CNseg, convidou a sócia-diretora de Inovação e Transformação da KPMG no Brasil, Thammy Marcato para o episódio que foi ao ar no dia 14 de março deste ano. O programa foi apresentado por Arthur Neto e teve a participação do especialista da CNseg Luis Gustavo Tintel Lima. Confira abaixo alguns insights do podcast:

Por que falar do setor de seguros no metaverso?

Arthur Neto inicia o bate papo questionando Thammy Marcato sobre quais as razões para falar do setor de seguros no metaverso. Ela responde:

“A primeira coisa que a gente precisa entender é o que é o metaverso. E antes ainda de trazer o entendimento do que ele é, é preciso entender que ele vai ter várias definições. É importante entender que, para qualquer indústria que a gente olhe, principalmente as de infraestrutura, a própria projeção do que vai ser o metaverso, está projetada para daqui a 5/10 anos. Então, não é uma coisa para agora. Mas por que isso é importante para seguros? Por que agora é preciso entender o que é isso? Porque apesar de ser algo que só veremos de forma massificada e com maior aderência daqui a alguns anos, já está acontecendo”.

“O metaverso está se colocando como o próximo passo da internet”

A executiva explica que a visão de seguros existe a partir da visão de risco e que o metaverso será o próximo passo da internet: “Quando nasce uma visão de risco, há a oportunidade de segurar, de proteger. Então, quando olho para o metaverso, a melhor forma de pensar nisso é: o metaverso está se colocando como o próximo passo da internet. Isso porque a gente desenvolveu todas as interfaces de tecnologia para que a gente tenha um consumo digital através do 2D, ou seja, a gente se comunica através de telas. O que o metaverso vem propor é que a gente vai interagir com o mundo digital como se ele fosse 3D, como se ele fosse a nossa vida real., só que sendo digital”, disse ela.

Oportunidades para seguros

Para Marcato, várias implicações nascem a partir desse novo tipo de interação. “Sejam elas de consumo- quando conseguiremos consumir novas coisas sem ter essa materialização física-, mas também, quem a pessoa vai poder ser, já que será possível se colocar em situações diferentes. Aqui já há duas oportunidades claras para o seguro: a primeira é como se proteger como pessoa, desde ataques cibernéticos (como já estamos vendo) até como proteger as novas posses que vão ser digitais e que vão dar acessos a novos serviços”.

Produtos do metaverso são vinculados aos gêmeos digitais

Arthur Neto pergunta para Thammy Marcato: “Já existe algum produto fora do Brasil ou as empresas ainda estão experimentando, conhecendo mais o espaço do metaverso?”

A executiva respondeu que os produtos que ela tem visto são ainda muito vinculados aos famosos gêmeos digitais e explica: “Por quê? Porque quando a empresa tem um ativo digital de grande valor, que vale o custo (não é viável fazer isso com ativos de menor valor), ele está sendo totalmente digitalizado e esses dados estão vindo em tempo real. Então, do mesmo jeito que vimos a indústria de automóveis observar telemetria para capturar e balizar o que é risco, há outras linhas de negócio que esse dado real permite não só o monitoramento, como o reajuste do risco. Então, já há aplicações que utilizam esses dados para grandes ativos, principalmente para as resseguradoras conseguirem balizar os contratos que têm grande valor”.

Várias camadas para o metaverso

Para Marcato, há algumas camadas que estão sendo preparadas para alcançar o metaverso: “Acredito que o fato de o metaverso ter entrado nas nossas vidas de forma abrupta e acelerada no passado, fez com que esses assuntos que conectam imersividade com propriedade, tenham trazido de volta outras aplicações da tecnologia de blockchain, que haviam sido deixadas um pouco de lado. Agora elas voltaram mais aceleradas para conseguir dar essa camada de propriedade, enquanto é colocada uma camada de propriedade de blockchain, uma camada generativa de IA para fechar com a camada de metaverso na imersividade”, disse ela.

Web3

Para fins de Web3, explica Marcato, o que existem são oportunidades não necessariamente das seguradoras tradicionais, mas dentro do que estamos chamando de Defi (finanças descentralizadas). “Então, começam a nascer, DApps (aplicativos descentralizados executados em Blockchain) que olham para a oportunidade de seguro sob a perspectiva do Blockchain. Portanto, o que a gente vê quando olha para o ecossistema de DeFi, são players que querem utilizar modelos econômicos tokenizados para dar segurança de patrimônio, de liquidez, de custódia,mas tudo intrínseco ao blockchain. Ou seja, já há um código programado de seguro”, disse ela.

“Sob a perspectiva dos seguros do dia a dia, é uma grande oportunidade para todos nós porque isso dá mais transparência e redução de custo para toda a infraestrutura do seguro”

Ainda falando sobre o ecossistema de DeFi e a visão do seguro sob a perspectiva do blockchain, Marcato disse que considera uma excelente oportunidade. Ela declarou: “Para mim, sob a perspectiva dos seguros do dia a dia, é uma grande oportunidade para todos nós porque isso dá mais transparência e redução de custo para toda a infraestrutura do seguro porque se há o dado real chegando que tem uma verificação autenticada por uma rede de confiança, é possível disparar automaticamente através da própria estrutura um pagamento disso. Isso já está acontecendo em redes de DeFi e obviamente, tem várias seguradoras testando como funcionam redes privadas de blockchain para esse fim”.

Proteção na largada

Luis Gustavo Tintel, explicou que, para ele, o setor de seguros deve mapear os riscos do metaverso antes de sua implementação. Ele disse: "Acho que tudo que inicia precisa de uma proteção na largada “independente do que está sendo construído para o metaverso. Entendo que a gente já poderia ter uma atuação do seguro para proteger o que ainda está em elaboração, o que está ainda nos planos, mas não tem ainda uma materialização. Fazendo uma analogia com o mundo físico: se a gente olhar para o mundo físico, nenhuma construção civil pode ser iniciada sem ter antes um seguro. Até olhando pelo lado da materialização de coisas, sempre há o seguro dando suporte para essa largada. Os sinistros, os incidentes, as ocorrências periculosas que acontecem estão relacionadas, às vezes, na largada. No início das coisas, a gente consegue contribuir tentando mapear os riscos desse início”.

Fonte: Insurtalks