Net-Zero: o Brasil no caminho da neutralidade climática

Atingir o Net-Zero significa zerar o saldo das emissões de gases de efeito estufa (GEE) — equilibrando o que é emitido com o que é retirado da atmosfera.

O tema, destaque da COP30 em Belém, é um dos maiores desafios globais e também uma grande oportunidade estratégica para o Brasil, que, segundo estudos da USP, UnB e Instituto Amazônia 4.0, poderia alcançar a neutralidade até 2040, dez anos antes do compromisso internacional de 2050.

Energia limpa: o pilar da transição brasileira

O setor energético é o principal diferencial do Brasil.

Atualmente, mais de 90% da matriz elétrica nacional é composta por fontes renováveis, como hidrelétricas, eólicas e solares.

Para manter o país no caminho do Net-Zero, serão necessários investimentos de mais de US$ 1,3 trilhão até 2050, dos quais US$ 0,5 trilhão devem ser destinados à expansão das energias renováveis.

  • A transição inclui:
  • Eletrificação de indústrias e frotas de veículos
  • Expansão da construção civil verde
  • Modernização de redes e infraestrutura energética

Essas frentes respondem por mais de 50% da redução de emissões prevista até 2050.

A energia renovável é o motor da economia de baixo carbono - e o Brasil já parte de uma vantagem competitiva global.

Agricultura, florestas e uso da terra

O setor agropecuário e florestal é igualmente decisivo para a neutralidade climática.

Com práticas de manejo sustentável, restauração florestal e uso de bioenergia, o Brasil pode acelerar sua transição para o Net-Zero.

Em 2025, o agronegócio brasileiro já atraiu mais de US$ 10 bilhões em investimentos voltados a soluções de baixo carbono e tecnologias regenerativas.

Essas ações incluem:

  • Reflorestamento e recuperação de pastagens degradadas
  • Uso de biocombustíveis e biofertilizantes
  • Monitoramento ambiental por IA e sensoriamento remoto

O campo é protagonista da economia verde, e chave para equilibrar produtividade e preservação.

Indústria e cidades: transformação em curso

Nas cidades e nos centros industriais, a eletrificação e o design sustentável guiam a transição.

Até 2030, segundo a Febraban, o Brasil deve contar com 100 mil ônibus elétricos em operação nas grandes metrópoles.

A indústria e a construção civil também avançam:

  • Logística reversa e reciclagem de resíduos
  • Uso de energia limpa em fábricas e edifícios
  • Compensações ambientais e cadeias de valor de baixo carbono

Essas iniciativas reduzem emissões e reposicionam empresas brasileiras em cadeias globais mais exigentes em sustentabilidade.

Mercado financeiro e setor de seguros: alavancas do Net-Zero

O mercado financeiro e o setor de seguros têm papel fundamental na transição.

Seguradoras brasileiras participam da Net-Zero Insurance Alliance (NZIA), compromisso global de neutralizar emissões até 2050, com metas verificáveis e protocolos de cálculo certificado.

O setor vem desenvolvendo produtos de proteção climática, como:

  • Seguros para energia renovável e infraestrutura verde
  • Coberturas para riscos climáticos extremos (enchentes, secas, incêndios)
  • Planos de mitigação e adaptação para empresas e municípios

“O seguro é o elo entre mitigação e adaptação — traduz riscos em investimentos sustentáveis”, afirma nota da CNseg sobre o compromisso NZIA.

Impactos e oportunidades

Se o Brasil antecipar a neutralidade climática para 2040, o país poderá:

  • Fortalecer sua liderança internacional em sustentabilidade
  • Atrair novos investimentos verdes
  • Contribuir para limitar o aquecimento global a 1,5°C
  • Gerar empregos e inovação em todas as cadeias produtivas

Mas o caminho exige governança integrada, justiça climática e distribuição equitativa dos custos e benefícios, garantindo que setores produtivos, cidadãos e territórios vulneráveis sejam incluídos nessa transição.

Net-Zero não é apenas uma meta técnica — é um pacto coletivo por um futuro de baixo carbono, seguro e inclusivo.

Fonte: CNseg | Notícias do seguro