Biodiversidade: o papel dos seguros na conservação, inclusão e inovação
No contexto da COP30 e do avanço da agenda climática brasileira, a biodiversidade passou a ocupar posição central na estratégia do setor de seguros.
Mais do que uma pauta ambiental, o tema está ligado à resiliência climática, à bioeconomia, à inclusão social e ao valor financeiro dos ecossistemas.
O mercado segurador, em parceria com governos, universidades e organizações ambientais, busca transformar a conservação em oportunidade econômica e instrumento de proteção coletiva.
A COP30 marca o início de uma nova era para o mercado de seguros sustentáveis: um modelo que valoriza a natureza como ativo essencial, integra comunidades e empresas e estimula inovação financeira responsável. O seguro do futuro será aquele que protege a vida em todas as suas formas: humanas, naturais e econômicas.
O Brasil: potência mundial da biodiversidade
O Brasil é reconhecido como um dos países mais ricos em diversidade biológica do planeta:
- São cerca de 124 mil espécies de fauna e 44 mil espécies de flora registradas
- Segundo o IBGE, já existem 22,5 milhões de registros de ocorrência documentados
O país integra o grupo dos 17 megadiversos, que juntos abrigam mais de 70% das espécies conhecidas do planeta.
Essa abundância faz do Brasil um eixo estratégico global: conservar seus biomas é essencial para garantir equilíbrio climático, segurança alimentar e estabilidade econômica mundial.
A biodiversidade brasileira é um ativo de valor global — e o seguro pode ser uma das ferramentas mais eficazes para protegê-la.
Unidades de conservação e áreas protegidas
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) protege 78 milhões de hectares — cerca de 8% do território nacional.
Entre 2007 e 2016, foram criadas ou ampliadas 8,9 milhões de hectares, sendo 6,7 milhões na Amazônia, segundo o ICMBio.
Além disso:
- Reservas legais em propriedades privadas somam 120 milhões de hectares
- Áreas de uso sustentável e proteção integral compõem um mosaico que cobre biomas de norte a sul
Esses números mostram que a conservação não é apenas política ambiental - é também política econômica e de segurança nacional.
Biodiversidade como valor econômico
Relatórios do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS) indicam que proteger 30% das áreas terrestres e marinhas do planeta pode gerar:
- US$ 250 bilhões/ano em produção econômica adicional
- US$ 350 bilhões/ano em serviços ecossistêmicos, como mitigação climática, regulação hídrica, proteção contra enchentes e conservação do solo
- Os benefícios crescem de forma exponencial com o aumento das áreas protegidas:
- menos riscos financeiros, mais estabilidade ecológica e maior produtividade econômica.
“A biodiversidade é o seguro natural da humanidade: quanto mais diversa a vida, mais segura a sociedade.”
Seguro, PSA e mecanismos financeiros inovadores
A conexão entre biodiversidade e proteção financeira avança rapidamente.
Parcerias entre seguradoras, BioParques e incubadoras tecnológicas fortalecem cadeias produtivas da sociobiodiversidade, especialmente na Amazônia, Cerrado e Caatinga.
Essas iniciativas promovem:
- Remuneração por serviços ambientais (PSA)
- Créditos de carbono e biodiversidade
- Seguros paramétricos contra eventos climáticos extremos
- Proteção de investimentos sustentáveis por meio de seguros de crédito de biodiversidade
Em 2025, o Brasil registrou:
- Emprego recorde de 4.385 brigadistas florestais federais
- Redução de 97,8% nas áreas queimadas no Pantanal, 75,4% na Amazônia e 47% no Cerrado
- R$ 48,2 bilhões em investimentos ambientais privados, com impacto sobre 11 milhões de hectares preservados ou restaurados
O seguro ambiental e o PSA formam juntos um novo modelo de “proteção com propósito”: rentável, inclusivo e sustentável.
Desafios e oportunidades para o futuro
Apesar dos avanços, mais de 80% das atividades econômicas brasileiras ainda não contam com cobertura securitária - especialmente em territórios críticos para a biodiversidade.
Especialistas estimam que proteger 30% dos territórios brasileiros até 2030 exigiria US$ 140 bilhões em investimentos anuais, mas os ganhos potenciais seriam cinco vezes maiores.
Os próximos passos incluem:
- Ampliar a cobertura securitária rural e ambiental
- Integrar biodiversidade às estratégias ESG das empresas
- Fomentar seguros inclusivos para comunidades tradicionais
- Desenvolver métricas padronizadas de risco ecológico e financeira
Biodiversidade é sinônimo de resiliência.
Onde há vida diversa, há estabilidade, prosperidade e futuro sustentável.
Fonte: CNseg | Notícias do Seguro