A opção do microsseguro para os pobres
A opção do microsseguro, em breve, poderá estar disponibilizada para os mais pobres no país, a exemplo do que tem sido feito com o microcrédito, que tem obtido resultados animadores. Essa inclusão se faria com a inserção das classes C, D e E ao mercado de seguro.
Não obstante o decreto-lei 73/66 determinar que a comercialização de seguro deve ser feita por corretores habilitados, ele também permite que se angariem contratos se no local não houver corretores registrados, os quais não veem atrativos em oferecer um serviço que custa tão pouco, resultando em baixa rentabilidade. Por isso, a alternativa é trabalhar com agentes captadores oriundos das próprias comunidades que serão beneficiadas.
O público-alvo do microsseguro é aquele cujos rendimentos ficam em torno de 2 dólares ao dia. Vai englobar um montante de famílias que nunca acreditou que pudesse ter uma garantia para a eventualidade de um fato danoso. O seguro de pessoas, que abrange os ramos vida, previdência, saúde, acidentes pessoais e capitalização, poderá, em breve, fazer parte do cotidiano de todos os estratos sociais do país.
Atualmente, apenas 16% da população ativa brasileira, que hoje já passa dos 190 milhões, têm seguros de pessoas. A estimativa é que esse mercado movimente aproximadamente R$ 40 bilhões em 2009 no Brasil. Nos Estados Unidos, os seguros de pessoas movimentam cerca de 600 bilhões de dólares anualmente. Europa e Ásia têm uma produção de 750 bilhões de dólares. Nas duas regiões, 50% da população, em média, têm seguros de pessoas. Na América Latina, os seguros de pessoas chegam a 23 bilhões por ano.
O governo federal quer a legislação do microsseguro aplicada no primeiro semestre de 2010. É fundamental que, à opção de fechar os seguros, se siga um acompanhamento do poder público para garantir o cumprimento efetivo dos contratos, visando garantir a credibilidade do sistema. Afinal, sabe-se da vulnerabilidade social dos cidadãos de baixa renda e, por isso, eles devem estar assistidos pelos órgãos de fiscalização, como a Superintendência de Seguros Privados (Susep). O acesso aos serviços que garantam a proteção dos mais carentes é mais uma porta aberta para o exercício da cidadania.
Fonte: Editorial do Correio do Povo