Portal Viver Seguro entrevista: Priscila Ferreira Costa

Um fórum para discutir os “hot topics” do mercado mundial, as novas coberturas e as que ainda estão indisponíveis no Brasil são algumas propostas do Encontro Internacional de Seguros de Linhas Financeiras, que ocorre nesta sexta-feira, em São Paulo. A presidente da Comissão de RC Geral da FenSeg, Priscila Ferreira Costa, afirma que os seguros de linhas financeiras cresceram 40% nos últimos 12 meses.

Qual a importância e o propósito do Encontro Internacional de Seguros de Linhas Financeiras?
Essa é a primeira vez que um evento é organizado para tratar exclusivamente de seguros de Linhas Financeiras e os assuntos a eles pertinentes. E o objetivo desse evento é reunir o mercado de seguros e resseguros para avaliar tendências em riscos regulatórios e legais para os executivos brasileiros e, principalmente, vislumbrar as alternativas que o mercado segurador pode oferecer para mitigar esses riscos.

A participação de especialistas estrangeiros tem quais propósitos?
Temos dois objetivos. Primeiramente, discutir os “hot topics” do mercado internacional, para que nos vejamos inseridos nesse contexto. E depois, apresentar aos participantes do Encontro Internacional novas coberturas e produtos já comercializados lá fora e que ainda não chegaram ao Brasil.

Veja que nos EUA e Europa os produtos de seguros de linhas financeiras estão em fase de maturidade, ao passo que, no ciclo de vida de produtos, eu diria que no Brasil ainda estamos passando da fase introdutória para a fase de crescimento, razão pela qual preparamos um painel exclusivo para discutir a atualidade do mercado internacional. Nele participarão especialistas estrangeiros e uma especialista brasileira, que irá comentar a viabilidade da implementação desses mesmos produtos por aqui.

Qual sua avaliação sobre a dinâmica do mercado de linhas financeiras no País?
Esse mercado tem apresentado números impressionantes. Nos últimos 12 meses os produtos de Seguro D&O tiveram crescimento de 40% em prêmio emitido em relação aos 12 meses anteriores, de acordo com os últimos dados publicados pela Susep. Ou seja, é um mercado que está em franco crescimento após a abertura do mercado de resseguros e que está altamente competitivo, mas que tem grandes desafios pela frente, como a falta de profissionais especializados e a necessidade de aumentar a percepção de valor do cliente para os produtos, em contraponto ao simples elemento "preço".

Quanto o ramo deve crescer este ano e quais são os principais produtos ofertados pelas seguradoras?
Tendo em vista os números já divulgados e a tendência de acúmulo de renovação de apólices no ultimo trimestre do ano, a expectativa é de um crescimento de 20% em prêmio emitido em relação a 2010. O carro chefe dos produtos de linhas financeiras é o Seguro D&O, que agora apresenta uma série de coberturas diferenciadas, que algumas seguradoras oferecem como apólice específica, e outras como coberturas adicionais à apólice D&O. Destaco os produtos de POSI (cobertura para oferta pública de ações) e EPL (que engloba a responsabilidade por práticas trabalhistas indevidas, como assédio moral, discriminação, falha em promoção e treinamento entre outros). Veja que outros produtos serão apresentados no Encontro Internacional de Seguros de Linhas Financeiras.

Quantas companhias participam desse nicho de mercado e em que pé está a sinistralidade, considerando-se que o mundo ficou mais arriscado para as operações financeiras a partir da grande crise mundial de 2008?
Hoje temos cerca de 10 companhias operando com os seguros de linhas financeiras e quase todas já têm representação na Subcomissão de Financial Lines, que é ligada à Comissão Técnica de Responsabilidade Civil da Fenseg. A sinistralidade do mercado atualmente gira em torno de 17% nos ultimos 12 meses, mas isso não é sinônimo de carteira saudável, uma vez que esse tipo de risco tem características "long-tail", e que os números divulgados pela Susep são "ano-calendário". Será necessário mais tempo, portanto, pra que de fato se possa auferir a sinistralidade do mercado de linhas financeiras.

No Brasil, as taxas cobradas estão estáveis ou seguem o encarecimento ocorrido no mercado mundial?
Encarecimento? Na realidade, o ticket médio das apólices de seguro D&O está decrescendo a cada renovação, em virtude da forte concorrência entre as companhias seguradoras.

De que forma, a crise na zona do euro pode afetar as taxas?
As dificuldades criadas pela crise tendem a aumentar o numero de reclamações no exterior o que, de forma indireta, reflete no preço do seguro no Brasil dado que o prêmio de resseguro tende a aumentar nas renovações. Entretanto, não avalio que o impacto seja significativo nas taxas, com exceção de instituições financeiras, uma vez que ainda existe um excesso de capacidade no mercado internacional.

Fonte: Portal Viver Seguro