Novos consumidores, novas demandas de tecnologia

Insurance Service Meeting 2012 reúne profissionais dos setores de seguros e TI. Atender a diversidade e as necessidades de diferentes públicos com ferramentas precisas é o desafio desta década

Por Karin Fuchs

Tendo como gancho a ascensão da classe média –, novos e potenciais consumidores de produtos de seguros –, e a importância do uso da tecnologia para atingir este público, a CNseg realizou no último final de semana o evento Insurance Service Meeting 2012, em Angra dos Reis (RJ).

Com a presença de cerca de 300 profissionais dos setores de tecnologia e seguros, Patrick Larragoiti, presidente do Conselho Administrativo da SulAmérica, abriu o encontro enfatizando o bom momento do mercado, cujo crescimento ficou entre 10% e 15% nos últimos dez anos, com uma previsão de expansão de 12,8% para este ano, e os desafios que as seguradoras têm pela frente.

“20 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza e 63% dos membros da nova classe média querem ter um automóvel e, consequentemente, farão seguro. Um dos desafios que temos pela frente é como as operações das seguradoras podem suprir as necessidades desses novos clientes”, destacou.

Na sequência, Marcelo Neri, economista e professor da FGV, apresentou um panorama da nova classe média do país. “O Brasil ocupa o 12º lugar no ranking da desigualdade mundial. Enquanto nos outros países a renda está em queda, aqui ela está aumentando. Estamos vivendo a década da classe média no país.”

Nesse cenário, Júlio Alves, diretor superintendente da Fenaseg, destacou a importância das seguradoras compartilharem informações. “O compartilhamento de dados é a essência do nosso negócio”, enfatizou.

Para Renato Pita, executivo da Central de Serviços da CNseg, o compartilhamento pode ser feito com os diversos órgãos federais e estaduais, com as entidades e empresas privadas. “É uma forma de portabilidade, como já acontece no seguro de automóvel. Uma base de dados compartilhada ajuda na análise de risco, regulação de sinistros e na prevenção e combate à fraude”, pontuou.

Na avaliação de Mario Viola, que também é executivo da Central de Serviços da CNseg, a informação é a grande matéria prima para o mercado de seguros. “Ainda no Brasil não há uma legislação de proteção de dados, mas seguimos as tendências internacionais de normas de proteção de dados pessoais”. Entre os exemplos, ele citou o Código de Defesa do Consumidor e o Cadastro Positivo.

Relacionamento analógico e digital

Sobre o tema ‘Gestão em um Ambiente de Transformação’, Manoel Antônio Peres, representante da Fenasaúde, informou que o desafio para as seguradoras, em relação ao relacionamento com os segurados, é conciliar o mundo analógico com o digital. “Ainda recebo muitas correspondências de próprio punho. Por outro lado, os novos clientes já estão introduzidos no universo digital. É impossível acumular dados sem ser de forma digital, devido ao grande volume.”

Ainda de acordo com ele, cada vez mais são necessárias formas para lidar com todos os dados. “Não há como não avançar, por exemplo, com o prontuário eletrônico. Hoje, há pouca adesão por parte da população”, citou.

Marcos Lima, diretor técnico da Indra, lembrou que há cerca de seis anos, o foco das soluções integradas era redução de custos, ganhos de produtividade e eliminação de papel. “Hoje, vai além dessas três metas. A nova geração tem facilidade de se relacionar com a tecnologia. Na Europa, por exemplo, todas as seguradoras têm soluções integradas. Além disso, elas permitem novas abordagens e aproximações com os consumidores.”

Gestão do Relacionamento

Durante o Insurance Service Meeting 2012 ficou claro que conciliar a demanda de novos consumidores e tecnologia é um desafios para os mais diversos ramos de seguro. Especificamente em se tratando de capitalização, Marco Antonio da Silva Barros, presidente da Fenacap, comentou os dados do mercado e o seu potencial. “Em 2011, as reservas somaram R$ 19,7 bilhões, o faturamento foi de R$ 14,1 bilhões e R$ 732 milhões foram pagos em sorteios. Imaginamos que as reservas serão duplicadas a curto prazo.”

Ainda de acordo com o executivo, o mercado de capitalização tem atualmente 40 milhões de clientes, a maioria da classe C, nos planos de contribuição mensal, e da classe + B, nos planos de contribuição única. “O nosso desafio é conquistar mais clientes, crescer com qualidade e aperfeiçoar a imagem de flexibilização com soluções de educação financeira e com transparência. Para isso, é necessário automatizar processos com sistemas modernos e ágeis”, revelou.

Temas como precificar, vender e a manter clientes, bem como prospecção e interação com os consumidores também foram abordados no encontro. A última palestra foi proferida pelo jornalista André Trigueiro, que fez todos da plateia refletirem sobre a questão de consumo consciente. “Sustentabilidade não é deixar de consumir, mas sim consumidor sem ostentar. O mercado de seguros enxerga o mundo sob a ótica dos riscos e constrói expertise neste sentido e cada um do setor pode dar a sua contribuição social.”


Fonte: Clipp-seg | Revista Cobertura