Avanço da baixa renda estimula microsseguros

A melhora das condições sociais das classes de baixa renda abre espaço para o mercado de microsseguros, que se diferencia pelo preço baixo e pela proteção das classes C e D, mas que ainda não existe no país. Essa é a tese de Antonio Cássio dos Santos, presidente da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), apoiada pelo governo federal. De acordo com a federação, os microsseguros podem ter preços mensais de US$ 0,50 até cerca de US$ 7. A estimativa é que o segmento possa atingir 100 milhões de clientes no país. De acordo com projeção da Fenaprevi, os seguros para famílias de baixa renda podem movimentar R$ 4 bilhões anualmente. "Há hoje no Brasil 100 milhões de pessoas em condições de adquirir seguros de baixo ticket. E esse contingente possui renda combinada de US$ 180 bilhões. Nós temos um mercado potencial corrente, neste segmento, maior do que o da China e da Índia", afirma o presidente da federação do setor. Antonio Cássio dos Santos afirma que o mercado potencial da China para o microsseguro é de 1 bilhão de pessoas, com US$ 120 bilhões de renda combinada por ano. Já na Índia, o público potencial é de cerca de 760 milhões e a renda anual, de US$ 80 bilhões. De acordo com Armando Vergílio dos Santos Júnior, superintendente da Susep (órgão do governo regulador de seguro e previdência), o governo apóia a criação do novo mercado. "Microsseguro não é só um seguro barato. É uma ferramenta de inclusão social e de proteção às classes C e D", diz ele. Armando Vergílio apresenta na quarta-feira, em evento organizado pela Fenaprevi, a definição do conceito e do público-alvo do microsseguro, o que vai permitir o desenvolvimento de ações mais concretas de estímulo ao setor. O representante da Susep também participa da Comissão Especial sobre Microsseguro do Conselho Nacional de Seguros Privados -que reúne setor público e privado-, cujo prazo para apresentar propostas de regulamentação para o setor é 31 de dezembro. Antonio Cássio dos Santos, que também é presidente do grupo Mapfre Seguros, afirma que a regulamentação do microsseguro é um dos principais desafios para atrair empresas para o mercado voltado à baixa renda. "Em um seguro popular, se colocarem todos os filtros de formalização do seguro tradicional, o mercado fica inviável. A proteção se torna muito cara ao consumidor", afirma o presidente da Fenaprevi. O microsseguro oferece, por exemplo, proteção à residência urbana ou à pequena propriedade rural, seguro de vida com assistência à família por um ou dois anos na ausência da pessoa que sustentava a casa ou uma cobertura moderada em caso de acidentes pessoais. (Folha de S. Paulo/Mercado Aberto)