Seguradoras contabilizam sinistros

As seguradoras brasileiras se movimentam para contabilizar as perdas causadas pelas chuvas em Santa Catarina. A maior preocupação é com as coberturas de desmoronamento, alagamento, danos elétricos, vendaval e lucros cessantes para seguros residencial e empresarial, além de graves sinistros esperados no ramo automóveis e vida. A Caixa Seguros, empresa da Caixa Econômica Federal, recebeu 80 avisos de sinistros da região afetada apenas nesta semana. O diretor Marco Antônio Jardim espera que os chamados cheguem a 200 até sexta-feira. "Nos seguros de riscos empresarial e residencial, que não cobrem alagamentos, estimamos prejuízos de R$ 500 mil até agora, mas devem aumentar até o fim da semana", disse. "Os sinistros de veículos serão maiores que os registrados em Belo Horizonte pelas chuvas de granizo, porque alagamento gera perda total do automóvel", afirmou Dirceu Tiegs, vice-presidente de mercado da Mapfre, destacando que apenas na terça-feira a comunicação telefônica foi restabelecida e é preciso esperar as águas baixarem dar mais efetividade às ações das seguradoras. As companhias também procuram acelerar os trabalhos de atendimento aos segurados e de apuração de sinistros. Disponibilizaram mais guinchos e reboques e destacaram profissionais de outros estados para avaliar os danos ocorridos nas cidades afetadas pelo aguaceiro. Terceira maior seguradora em volume de prêmios em Santa Catarina, a Mapfre criou um serviço de 0800 para clientes e para a população em geral e está veiculando mensagens na televisão local. Para o vice-presidente de tecnologia e serviços da SulAmérica, Luis Furtado, a situação preocupa. "O problema é visivelmente grave, temos uma frota de 110 mil veículos segurados no estado. Estamos aguardando para avaliar as perdas. No momento, organizamos algumas frentes de trabalho, como assistência 24 horas e uma célula de contingência para priorizar chamadas da região." De acordo com levantamento do economista Gustavo Cunha Mello, sócio da Correcta Seguros e professor Escola Nacional de Seguros (Funenseg), com base em dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o estado de Santa Catarina acumula mais de 3,4 milhões de apólices para esses riscos, que totalizam mais de R$ 100 bilhões. "É um estado com forte cultura de seguro, mas ainda é cedo para afirmar o total de prejuízos, já que os sinistros estão concentrados em poucas cidades, as apólices são particulares e nem todas seguradoras cobrem riscos de alagamento ou lucros cessantes." Mello ressaltou que os dados são de 2005. "São os últimos disponíveis, mas normalmente seguem o mesmo padrão de crescimento do mercado segurador, que foi de 18% em 2006 e de 20% em 2007", explicou. O professor da Funenseg destacou ainda que a catástrofe poderá gerar aumentos de preços. "O mercado de seguros é muito nervoso. Diante de um índice de sinistralidade maior há o aumento de preço ou uma restrição maior de aceitação de riscos. É uma reação natural, depois de uma situação de catástrofe", disse. "O alívio é que taxas para seguros contra vendaval, granizo e alagamento são baixas", observou. (Clipp-Seg Online/Gazeta Mercantil)