Mercado inicia ano com 48 companhias

  São Paulo, Janeiro de 2009 - Depois de quase 70 anos de monopólio do governo, o mercado de resseguros aberto a empresas privadas começa 2009 com a marca de 48 companhias ratificadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) para concorrer entre si e com o IRB-Brasil Re, estatal criada por Getúlio Vargas em 1939 para garantir maior capacidade à atividade seguradora do País. A principal característica da abertura, instituída em abril de 2008, é o estabelecimento de grandes grupos resseguradores estrangeiros no Brasil nas categorias local, admitido e eventual. Além do IRB, apenas JMalucelli Re tem origem nacional. Na última semana, a Susep autorizou a operação de quatro organizações: as americanas Everest Reisurance e Mitsui Sumitomo Insurance, a alemã Kölnische Rückversicherungs e a francesa Axa Corporate. Para Maria Elena Bidino, diretora de assuntos institucionais e de resseguro da Federação nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg), o movimento de entrada no País continuará ao longo de 2009. "O Brasil tem enormes oportunidades, com atrativos para as empresas estrangeiras por apresentar baixos riscos de grandes catástrofes naturais", opina. Apesar de o mercado aberto de resseguros saltar de uma única empresa para 48 em menos de nove meses, a concorrência acirrada entre os novos players ainda não está completamente estabelecida. O IRB-Brasil Re mantém sua hegemonia, competindo diretamente apenas com outras quatro companhias classificadas como local. Como resseguradoras locais, essas organizações contam com preferência de 60% nas operações de resseguro realizadas no País, muitas vezes captadas pelo restante das empresas das categorias eventual e admitida, que trabalham com seguradoras cujos laços empresariais com o IRB continuam estreitos. Há também muitas empresas que adotam como estratégia oferecer capacidade de resseguro somente para seguradoras do mesmo grupo, privilegiando, no atual estágio do mercado, a resseguradora estatal. Exemplos são RSA Re, JMalucelli Re e as três resseguradoras do conglomerado Tokio Marine. Tanto é que os prêmios retidos pelo IRB-Brasil Re aumentaram quase 20% entre janeiro e novembro de 2008 em comparação com o ano anterior, atingindo a marca de R$ 1,5 bilhão para um volume de R$ 3 bilhões em prêmios totais de resseguro. "Resseguradores que atuam em diversos ramos e países ganharam condições para se instalarem no Brasil. A crise internacional não deve influenciar as atividades de resseguro em 2009. O mercado brasileiro sempre cresceu em dois dígitos percentuais nos últimos anos. O próximo ano não deve ser diferente", afirma Eduardo Nakao, presidente do IRB. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Luciano Máximo)