Zurich vira brasileira para obras da Copa

Terceiro maior grupo segurador do mundo, a suíça Zurich decidiu investir R$ 100 milhões para deixar sua subsidiária brasileira com status de local e competir no mercado de obras de infraestrutura e dos estádios da Copa. No país, a Zurich já assumiu R$ 13 bilhões em grandes riscos. Como local, a suíça poderá participar da "reserva de mercado" do resseguro (seguro das seguradoras), que obriga as seguradoras a comprar no país 40% de suas necessidades de resseguro.
Como estrangeiras, as subsidiárias não podem se beneficiar dessa nova regra. Instituída em abril, ela provocou protesto dos estrangeiros que chegaram ao país atraídos pela abertura do mercado. Em entrevista à Folha, Martin Senn, presidente mundial da Zurich, explica por que não está preocupado com a "mudança de regra". Ele diz que o Brasil foi eleito uma das prioridades do grupo, que quer saltar da 14ª posição, com 1,18% do mercado, para um lugar entre os líderes Bradesco, BB/Mapfre, Porto/Itaú e SulAmérica.

Folha - Qual a importância do Brasil para a Zurich?
Martin Senn - O Brasil ainda está longe do que queremos. Temos só 1% aqui. Isso não está alinhado com nossa ambição. O Chile é maior para nós. Nos EUA, somos a maior empresa estrangeira de seguro. Queremos ficar entre as maiores aqui em cinco anos. O Brasil tem oportunidades incríveis para todas as organizações globais. Crescer em mercados saturados é mais limitado. Quem quer crescer hoje tem de olhar para essa parte do mundo.
Como vocês vão chegar lá?
Fizemos contratações importantes [tiraram executivos da Mapfre e da SulAmérica] e também uma parceria com o Santander. Nos últimos três anos, colocamos boas sementes na boa terra. A gente só tem que esperar que elas cresçam.
A reserva de mercado do resseguro decepcionou?
Mudança no marco regulatório é um risco a que estamos expostos. Estamos em 170 países e nos acostumamos com isso. Estou confiante de que o mercado vai se ajustar.

Isso vai se refletir nos preços?
Temos que ver. Diria que o mercado brasileiro é competitivo. A estratégia da Zurich é competir, ter preços razoáveis, mas ser lucrativa.

Quais outros produtos vocês pretendem explorar aqui?
Fundos de pensão para empresas. Vamos ter produtos diferentes para esses clientes e também farão parte da parceria com o Santander.

Podem fazer aquisições?
Aquisições são oportunidades para crescer. Estamos bem capitalizados e temos um portfólio diversificado.

Fonte: Revista Cobertura | Folha