Entrevista: Assizio Aparecido - VI Seminário de Controles Internos

Às vésperas de sair mais uma regulamentação sobre aporte de capital, desta vez, para riscos operacionais, a CNseg vai reunir, no dia 8 de agosto, em São Paulo, profissionais de todos os níveis hierárquicos de empresas do mercado de seguros, previdência aberta complementar, saúde suplementar e capitalização, que estão envolvidas nas atividades de controle internos, auditoria interna, compliance e gestão de riscos, para debater esta e outras questões ligadas à temática central do seminário - requerimentos de capital. Conheça mais um pouco sobre o seminário, que chega à sua sexta edição, e deve receber cerca de 250 participantes, nesta entrevista do presidente da Comissão de Controles Internos da CNseg, Assízio Aparecido de Oliveira.

Qual o principal objetivo do VI Seminário de Controles Internos?

Os seminários anuais de Controle Interno, a exemplo do que acontecerá em 08 de agosto, visam reunir os profissionais do mercado segurador que se dedicam às funções abarcadas pelo conceito de Controle Interno, ou seja, Desenho de Processos e Controles, Gestão de Riscos, Compliance, Prevenção e Auditoria Interna. Tradicionalmente, os participantes tem a expectativa de inteirar-se a respeito de novos conceitos, práticas e metodologias que dia-a-dia surgem para orientar e/ou facilitar suas tarefas e intercambiar experiências, seja mediante as apresentações que foram definidas pela comissão organizadora, seja através do contato pessoal com colegas do mercado.

O tema escolhido para este ano foi “Controles Internos e Requerimentos de Capital”. Por que focar neste assunto?

O tema do VI Seminário de Controles Internos foi escolhido para focar o aspecto mais tangível e mais sensível do assunto, qual seja o montante de capital que os acionistas têm que adicionar para fazer frente aos riscos que decidem correr nos negócios. Como se sabe, o Brasil já tem regulamentos que obrigam as seguradoras a calcular e aportar capital adicional para os riscos de subscrição e de crédito e, muito possivelmente, vem aí um regulamento para os riscos operacionais. Assim, dependendo da qualidade do controle interno e das funções que o compõem, especialmente da sua capacidade de controlar seu apetite de riscos através de meios de avaliação e mitigação, as seguradoras têm que aportar mais ou menos capital adicional, o que pode afetar planos de negócios, lançamento de novos produtos, exploração de novos nichos de mercado, etc. Por essa razão principal, a comissão organizadora, ouvidos os colegas que formam a Comissão Técnica de Controle Interno da CNseg, deliberou explorar o tema neste ano.

Quais os principais assuntos a serem abordados e por que?

O programa do VI Seminário de Controles Internos privilegiou assuntos que tem a ver com o desenvolvimento dos meios para bem calcular o capital adicional baseado em riscos, seja pelo lado atuarial, seja pelo lado da prevenção de riscos. Por isso, convidamos um palestrante estrangeiro, de importante multinacional de seguros, para discorrer sobre como mitigar a necessidade de capital e autoridades dos reguladores para discorrer sobre sua visão a respeito de riscos operacionais, muito provavelmente a próxima preocupação do mercado no que tange a requerimentos de capital. Por outro lado, o evento focará os meios de mitigar perdas, como é o caso das palestras voltadas à prevenção de fraudes, plano de continuidade de negócios e plano de contingência, bem como da melhoria contínua das atividades de controle interno mediante a ação da auditoria interna, que especificamente, afronta nos dias de hoje o desafio de, ao invés de periódica, ser contínua.

O que mudou no cenário de controles internos do mercado segurador de um ano para cá?

Certamente mudou a visão que os acionistas e a alta administração tinham com relação ao controle interno, visto anterior e infelizmente como apenas mais um capricho dos dias atuais. A elevação do nível de consciência sobre o tema fez ver que um controle interno adequado, mormente uma gestão de riscos eficiente, pode antecipar cenários que a mera técnica da tentativa e erro não permitia vislumbrar. Mudou também, por consequência, o nível de cobrança sobre os profissionais de controle interno, na medida em que os mais altos escalões das seguradoras necessitam antecipar as consequências em termos de capital adicional decorrentes dos planos de expansão dos negócios, seja por causa da expansão territorial, seja porque se deseja ofertar novos produtos e serviços ao mercado. Por fim, mudou a percepção do consumidor, hoje mais exigente no que diz respeito à reputação e à imagem das companhias, uma vez que são mais bem vistas aquelas cujos controles internos permitem o mínimo de visibilidade negativa, quase sempre vinculada a perdas importantes e sanções oficiais por descumprimento de regras..

Por que é importante promover seminários sobre Controles Internos? Que questões precisam ainda ser mais trabalhadas para o a efetiva consolidação da prática de controles internos em nosso ambiente de negócios?

O que move a realização do evento é a própria dinâmica do assunto, tratado nos dias de hoje de forma globalizada, integrada e mandatória, o que exige constante atualização. O Brasil, por ter adotado uma posição de vanguarda no que diz respeito aos controles internos em seguros, antecipando-se até mesmo às referências internacionais em que se baseia, não deve nada a nenhum país do mundo quando se trata de conceitos e práticas. Em outra vertente, há que se considerar a questão da consciência sobre riscos e controles, menos tangível que as práticas, que está a exigir atenção especial de administradores e profissionais de controles interno; esse é o grande desafio a ser trabalhado, talvez vinculando-o à noção de sustentabilidade que, no meio dos negócios, poderia ser definida como a capacidade da empresa de crescer e se preservar no momento presente sem prejudicar seu futuro. Na visão do consumidor, trata-se de garantir hoje os serviços vendidos a seus clientes sem prejudicar os serviços que, no futuro, devem ser entregues. Isso exige aumentar o nível de consciência.

Fonte: Viver Seguro OnLine