Artigo - Água: Debate urgente

Até mesmo os muito jovens, ainda na fase da alfabetização, são capazes de perceber a urgência da preservação da água. Não é difícil achar pequeninos ensinando aos pais menos atentos que não é mais possível aceitar deixar a torneira jorrando aberta no ato de escovar os dentes ou tomar banho. Melhor que seja assim. Água passou a ser um verdadeiro tesouro, decisivo para os rumos do planeta hoje e nas próximas décadas.

De acordo com os últimos dados da ONU e da UNESCO, 1,7 bilhão de pessoas obtiveram acesso à água potável desde 1990, mas 884 milhões de pessoas continuam sem acesso. E ainda hoje, 2,6 bilhões de pessoas não têm acesso a serviços de saneamento básico. O impacto destes números é dramático na saúde: por dia, uma média de 5 mil crianças morrem de doenças que poderiam ser evitadas, todas relacionadas à qualidade e/ou falta dágua ou de saneamento básico.

Por todos os lados encontramos mais argumentos para reafirmar a relevância deste tema. A hidroeletricidade é a fonte de energia renovável mais importante e mais amplamente usada, representando 19% do total de energia produzida em todo o mundo. No caso do Brasil, este número chega a ser de 85%, destacando-se como um dos principais produtores do mundo.

Sem este insumo básico não é possível imaginar a agricultura, a pecuária, a indústria ou qualquer outra atividade econômica. Mas o quê realmente tem sido feito para melhorar estes indicadores e garantir o acesso à água destas e das próximas gerações? De que forma a humanidade tem se empenhado em realmente repensar sua relação com este bem tão valioso?

Estas questões têm sido estudas por especialistas em diferentes países. Enchentes respondem atualmente por 15% de todas as mortes relacionadas a desastre naturais e aproximadamente 70% de toda a água disponível é usada em irrigação. Sem falar nos absurdos desperdícios de água tratada em grandes centros urbanos, como São Paulo ou o Rio de Janeiro, enquanto milhões de brasileiros do semi-árido ainda sofrem com a escassez deste bem em diversas regiões. E este cenário tem se agravado diante dos reflexos do aquecimento global: até mesmo áreas abundantes, como no extremo sul do país, as secas têm sido intensas.

Cerca de 70% da Terra é coberta por água, portanto, não se pode falar que não há água suficiente no planeta. Mas deste total, 97,5% são salgadas e apenas 2,5% são doces, das quais menos de um terço está disponível para o uso humano. O Brasil tem se destacado não só por conta do Rio Amazonas, mas também pelo Sistema Aquífero Guanari, o maior reservatório de água subterrânea do planeta.

A urgência, alertam especialistas, é aumentar a eficiência no uso da água. Várias corporações – de diferentes portes, globais até as pequenas e médias empresas - têm se empenhado neste sentido, comprometendo-se com a busca por soluções, mas também de olho nos impactos econômicos possíveis. Indústrias e centros comerciais conseguem índices de reuso de água em torno de 98%, e só não atingem a totalidade porque uma pequena parte sempre é perdida.

Tecnologias sociais têm sido replicadas – como a instalação de cisternas e na coleta de água da chuva - ajudando a reduzir a sede de quem tem fome de viver. O saneamento básico também passou a ser visto não só como uma questão de infraestrutura, mas como decisivo passo rumo à saúde pública. Segundo o IBGE, 48% dos municípios e 64,5% dos domicílios do país não têm tratamento de esgoto, ou seja, as águas servidas são descartadas diretamente nos córregos e rios mais próximos.

A indústria do seguro e do resseguro tem desempenhado papel essencial no desenvolvimento e adoção de tecnologias e estudos por soluções ecoeficientes. Sem falar no essencial papel das coberturas de catástrofes causadas pela fúria da água.

Se cada um fizer a sua parte será menos árdua a busca por soluções. Juntos, é possível acreditar em diferença. Isolados, como gota no oceano, será inviável atravessar um “mar” tão revolto.

Fonte: CNseg Sustentabilidade em Seguros