Combate à fraude está entre temas discutidos nos encontros da IAIS-ASSAL
O combate à fraude em seguros foi um dos temas dominantes da XXV Assembleia Anual da Associação de Supervisores de Seguros da América Latina (ASSAL) e da XV Conferência sobre Regulação e Supervisão de Seguros na América Latina (IAIS-ASSAL), que acontecem até esta quinta-feira, 24, no Hotel Sheraton, na cidade de Assunção, no Paraguai. Os encontros reúnem lideranças do mercado e representantes de órgãos de supervisão de seguros de 18 países.
A questão da fraude foi apresentada, em palestra, pelo presidente da CNseg e da Federação Interamericana de Empresas de Seguros (Fides), Marco Antonio Rossi. Ele informou que, no Brasil, estima-se que mais de 20% das indenizações pagas nos seguros de Automóvel correspondam a sinistros fraudulentos.
O segmento responde por mais da metade das fraudes identificadas, de acordo com Rossi, devido à facilidade e ao fato de ser mais desenvolvido no Brasil. “Esse custo adicional reflete no preço que todos os segurados pagam e pode aumentar o preço médio em 11%”, assinalou ele.
Marco Antonio Rossi listou as principais ações adotadas no Brasil para conter a indústria da fraude. Entre os exemplos, destacou o Projeto Fronteiras e o Sistema de Quantificação da Fraude (SQF).
O Projeto Fronteiras, criado em 2003 para impedir que carros roubados e furtados ultrapassassem a fronteira, extrapolou seu propósito inicial ao se tornar também uma importante ferramenta para identificar outras práticas criminosas. “Além das apreensões de veículos, é uma ferramenta recorrente de apreensão envolvendo outras mercadorias, tais como medicamentos, bebidas, cigarros, têxteis, madeira e eletrônicos contrabandeados de outros países”, lembrou ele.
Este projeto consiste na instalação de câmeras que identificam placas e modelos dos veículos e remetem tais informações ao Datacenter (Centro de Dados) da Rede Infoseg em tempo real. Se houver alguma irregularidade, um alarme dispara após a leitura da placa, permitindo a abordagem dos policiais, na sequência. Os alarmes disparados em 2013 (foram 18.960 alarmes) geraram 2.979 abordagens (15,7% do total) e resultaram em 1.867 apreensões (9,8%) e 203 recuperações (1,1%), dos quais 42 relacionados a veículos segurados (0,2%).
O Sistema de Quantificação da Fraude (SQF), outra iniciativa institucional da CNseg, é uma pesquisa realizada anualmente entre as seguradoras e tem o objetivo de gerar indicadores padrões da ocorrência de fraude nas operações de seguros gerais e para cada um dos ramos. A última pesquisa realizada, referente ao ano de 2012, apontou que os sinistros com fortes indícios de fraude somaram US$ 1 bilhão, dos quais US$ 144 milhões tiveram a fraude comprovada.
Ele apresentou a experiência do Pátio Legal, que abriga veículos roubados ou furtados, recuperados pela Polícia na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e Minas Gerais, oferecendo aos cidadãos serviços com mais conforto, tecnologia e velocidade, independentemente de o veículo ser ou não segurado.
No âmbito da Fides, que promoveu reunião do Conselho da Presidência da entidade nesta terça-feira, também no Paraguai, foi aprovada a formação de grupos de trabalho para discutir a questão da solvência do mercado, ações para o avanço do microsseguro e práticas de sustentabilidade no setor de seguros.
As conclusões dos grupos de trabalho, uma vez aprovadas pela Fides, vão orientar práticas futuras em 18 mercados de seguros na América Latina, Estados Unidos e Península Ibérica com representação da entidade.
Presidente da Fides desde novembro de 2012, Marco Antonio Rossi assinalou que os encontros no Paraguai servem para estimular e defender o desenvolvimento do mercado regional de seguros, além de padrões éticos e técnicos. “Tivemos muitos debates relacionados à gestão e no intuito de encontrar melhores práticas no mercado de seguros a serem adotadas nos mercados latinos. Queremos colocar a América Latina no posto de liderança no mundo”, disse ele.
Ao avaliar as regras de solvência, Rossi assegurou que o Brasil está no ritmo adequado, acompanhando de perto as ações adotadas pelos países desenvolvidos. Tanto que ele está convencido de que o País conseguirá cumprir as exigências da regulação até 2016, quando termina o prazo para implementação plena do normativo.
Fonte: CNseg