Brasil investe apenas 0,11% em saneamento básico

Levantamento divulgado nesta semana pela OMS (Organização Mundial de Saúde) revela que o Brasil gasta apenas 0,11% de seu PIB (Produto Interno Bruto) em saneamento básico. O índice constatado deixa o País com a quarta pior marca nesse aspecto, à frente apenas de Sérvia (0,06%), Cuba (0,02%) e Uruguai (0%). O estudo deixou claro que o problema maior não é a falta de recursos, mas a má utilização pelo poder público. De acordo com a pesquisa, menos de 50% do planejamento orçamentário para o setor, revertendo em obras e investimentos, é executado. Daí, a “insuficiência” de um serviço adequado para a população.

Os números apontados, embora de maneira global, não deixam de revelar uma realidade que ocorre nos municípios. Os órgãos gestores de abastecimento de água e tratamento de esgoto costumam divulgar altas cifras de investimentos, mas, muitas vezes, a população não sente os reflexos do quanto é desembolsado.

Um exemplo notório, nesse sentido, são os constantes casos de vazamento de água que incomodam moradores de diferentes bairros de Araçatuba. Mais do que transtornos à população, ocorre aí uma situação de desperdício. Combater perdas, aliás, é apontado como desafio desde quando o Daea (Departamento de Água e Esgoto de Araçatuba) respondia pelo saneamento na cidade.

Com a Samar (Soluções Ambientais de Araçatuba) à frente da gestão, o desafio não mudou. No último dia 12, ao completar dois anos de sua concessão em Araçatuba, a empresa divulgou que, no período de atuação no município, investiu cerca de R$ 25 milhões. Na mesma data, o presidente da concessionária, Ricardo Esteves, informou que, no período, houve uma queda de 59,9% para 49% no índice de perdas de água em Araçatuba.

Porém, uma simples consulta às edições da coluna “Disque-Folha”, deste jornal, permite chegar à conclusão de que o problema ainda é recorrente. A empresa, por sua vez, diz que investimentos maiores estão previstos para os próximos anos. Para os 30 anos de concessão, o contrato com o município prevê um total de R$ 416 milhões a se investir. A troca na rede de abastecimento, uma necessidade, é apontada como prioridade pela Samar para o próximo período.

Diante desse cenário, o saneamento básico não deve ser tratado pelo poder público apenas pela ótica da infraestrutura. É preciso entender que um bom saneamento colabora com a melhora na qualidade de vida da população. Sendo assim, tais investimentos precisam ser bem planejados, com metas a curto e a longo prazo.

Fonte: Seguro Garantia