Um panorama mundial da Educação Financeira

Segundo definição da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), educação financeira é um processo pelo qual consumidores e investidores financeiros desenvolvem entendimento sobre produtos e conceitos financeiros e, por meio de informação, instrução e aconselhamento, desenvolvem habilidades e confiança, tornando-se mais conscientes a respeito dos riscos e oportunidades, podendo fazer, assim, as melhores escolhas.

Para apresentar um panorama da educação financeira no mundo, a analista política da Rede Internacional de Educação Financeira (INFE), vinculada à OCDE, Adele Atkinson, participou de painel durante o 1º Seminário Susep de Educação Financeira, realizado no Rio de Janeiro, em 19 de maio.

Mas, por mais relevante que seja conhecer as estratégias de outros países, Adele afirma que elas precisar ser adaptadas às realidades onde serão aplicadas e, para isso, são necessários alguns passos:

O primeiro passo é definir o significado e escopo do programa, em nível nacional, buscando identificar as necessidades e lacunas a respeito do tema; depois, envolver cooperativamente todos os atores e as principais lideranças; estabelecer um mapa de ações com objetivos concretos, dentro de espaços definidos de tempo; e providenciar referências para serem utilizadas por todos os programas individuais paralelos.

Todos os programas também precisam ter três características: objetividade, com foco nas reais necessidades dos consumidores; qualidade, com conteúdo atualizado e acessível; e monitoramento e avaliação, permitindo que se aprenda com os acertos e erros.

Há, porém, ainda outro importante desafio, particularmente relacionado à educação em seguro, que é a necessidade de motivação. “Muitas vezes as pessoas sabem que precisam de seguro, mas não estão suficientemente motivadas para contratar um, que é, em princípio, uma coisa chata”, afirmou. Outro importante ponto levantado foi que não adianta apenas dizer às pessoas o que é o melhor a ser feito sem que sejam oferecidas oportunidades para a prática.

Adele também afirmou que um grande aliado para o desenvolvimento da educação em seguro é a possibilidade de comercialização do produto por dispositivos móveis, o que facilita muito esse processo. Atualmente, 15 dos 36 países cujos programas de educação financeira estão sendo avaliados pela INFE já contam com essa prática. Ainda falando sobre as avaliações dessa organização, que conta com o envolvimento de 200 organizações de 114 países, Adele afirmou que o Brasil encontra-se bastante avançado em relação às estratégias de educação financeira.

A chefe da secretaria-geral da Susep, Natalie Hurtado, mediadora do painel, destacou dois pontos que considera importantes de serem trabalhados em qualquer programa de educação em seguros: consciência e confiança. Em relação à consciência, ela afirma que, sendo o seguro um produto sofisticado, antes que seja compreendido, as pessoas precisam entender sobre os riscos financeiros a que estão expostos. “Nas estratégias da ENEF, temos priorizado a conscientização e muitos pensam que o consumidor só vai entender sobre riscos quanto tiver experimentado os produtos”, concluiu.

Fonte: CNseg