MAPFRE Investimentos: Economia internacional em perspectiva

No Brasil, o Banco Central divulga nesta segunda-feira, dia 27 de maio, a nota de setor externo, na quarta-feira, a nota de operações de crédito e, na sexta, a da política fiscal. Os resultados do PIB do primeiro trimestre serão conhecimentos na quinta-feira.

Nos Estados Unidos, serão apresentados essa semana o Índice de Confiança do Consumidor, do PIB do primeiro trimestre e do deflator do PCE nos dias 28, 30 e 31, respectivamente. Essas divulgações devem apresentar resultados positivos. Os EUA mantiveram seu ímpeto graças a um apoio fiscal considerável. Em contraste, o impulso global enfraqueceu-se acentuadamente, e o crescimento deverá permanecer abaixo da média à medida que as tensões comerciais persistirem. O comércio e o investimento abrandaram acentuadamente, especialmente na Europa e na Ásia. A confiança das empresas e dos consumidores esfriou. Diante disso, o crescimento global deverá ser de apenas 3,2% este ano, abaixo da taxa média observada desde 2010, de 3,8%. Destaca-se a desaceleração das exportações europeias, conforme figura abaixo.

Há múltiplos diagnósticos para esse quadro. Surgem divergências entre setores e países, dependendo de suas exposições a tensões comerciais, da força das respostas fiscais e das incertezas políticas. A manufatura, em que prevalecem cadeias globais de valor, foi duramente atingida pelas tarifas e pela incerteza derivada das tensões comerciais. Não por acaso, o crescimento enfraqueceu na maioria das economias avançadas, especialmente onde o comércio e a indústria desempenham papel importante, como Alemanha e Japão.

Essa multiplicidade de diagnósticos não sugere um prognóstico otimista para a recuperação da economia global. E ainda há pelo menos três riscos adicionais. Primeiro, nada indica reversão da escalada das tensões comerciais nas economias centrais. Segundo, é improvável que a resiliência de serviços perdure indefinidamente, pois mais de um terço das exportações da indústria manufatureira vêm de serviços, que contribuem para mais da metade das exportações globais. O crescimento do investimento das empresas, também fortemente ligado ao comércio, deverá diminuir para apenas 1% ao ano no biênio 2019-20, desde 3,5% no biênio anterior. Finalmente, a China continua sendo fonte de preocupação, já que as ferramentas monetárias, fiscais e parafiscais têm efeitos incertos sobre a atividade e podem continuar a alimentar a dívida corporativa, já em nível recorde. Estamos atentos aos riscos e oportunidades desse cenário.

 Empresas e setores: Aquisições motivadas

A semana passada foi marcada por grandes movimentações inorgânicas: a Natura comprou as operações globais da Avon (exceto EUA e Japão), e a Duratex adquiriu a Cecrisa. A aquisição de empresas é algo relativamente comum. De acordo com a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), foram registadas 140 operações em 2018, frente a 143 em 2017.

 Existem diversos motivos para a uma empresa comprar outra.

 Para começar, a ambição da empresa de expandir sua atuação para novos mercados e a conclusão de que é mais barato e mais rápido comprar as operações de outra organização que já atue na região, do que começar do zero. Ou a empresa adquirida tem um portfólio complementar, o que já nos leva a outro motivo: aumentar a carteira de clientes - às vezes os consumidores são tão fiéis que é mais fácil conquista-los via aquisição de uma nova marca.

 O motivo mais comum após uma transação ser anunciada é a sinergia operacional, que pode ser dividida em: a) redução de custos, caso os produtos tenham processos de fabricação semelhantes, é possível aumentar a produtividade e reduzir capacidade ociosa; b) empresas maiores têm maior poder de barganha com seus fornecedores, afinal, compram maior volume, em geral, conseguem preços melhores por isso; c) após a aquisição, é possível reduzir áreas redundantes de suporte às atividades operacionais, especialmente TI, RH, marketing, pesquisa e desenvolvimento, áreas administrativas e dependendo do caso, até área comercial. A motivação da redução de custos e despesas sempre visa o aumento de margens.

 Ainda com relação às sinergias operacionais, a empresa pode adquirir a outra não necessariamente por conta de um produto finalizado, mas eventualmente algum produto em desenvolvimento, know how ou patente que só a adquirida tem. É o que acontece quando uma grande corporação compra startups com tecnologias revolucionárias. Isso leva a outro ponto: eliminação de concorrentes e maior concentração de mercado. Obviamente, nem todas as aquisições são autorizadas pelos órgãos regulatórios devido à extrema concentração de mercado que determinada empresa pode adquirir em seu setor.

 Uma empresa maior tende a ter maiores números operacionais, desde a receita até o fluxo de caixa. Com isso, se a alavancagem não tiver subido muito após a aquisição, a empresa fica menos arriscada para os emprestadores de recursos. Assim, quanto maior a companhia, melhor tendem a ser as condições para aquisição de dívidas e mais fácil é o seu acesso ao mercado de capitais. Esta é a sinergia financeira.

 Outra motivação, não tão nobre, mas até estudada em escolas de negócios é a autoimagem dos executivos. CEOs gostam de empresas grandes, que permitem mais holofotes da mídia, influência e reconhecimento em seu setor de atuação. Receitas maiores também permitem despesas nominalmente maiores, possibilitando elevar os salários da diretoria e principais executivos.  

Gestão: Pressionado, Congresso se compromete com reforma 

A despeito dos atritos entre Parlamentares e Executivo e da veiculada falta de liderança e articulação deste último, a estratégia pendular do governo em relação ao Congresso aparentemente começa a surtir efeitos positivos, ainda que por meios tortuosos. A atribuição, pelo governo, das resistências e dos atrasos na tramitação da reforma ao fisiologismo da “velha política”, tem colocado o Centrão e seus líderes no olho do furacão e sob crescente pressão popular, obrigando-os a uma mudança de postura e de busca de uma agenda mais positiva, sob pena de ter atribuída sobre si parte da responsabilidade pelo fracasso de projetos de interesse crítico para o país em meio à urgência colocada pela queda do PIB no 1T19 e aumento do desemprego.

 Com efeito, os presidentes das casas, comissões e relatores encarregados da reforma se comprometeram em fazer avançar uma agenda própria, e ainda que tenham acenado com a possibilidade de um projeto substitutivo, declararam compromisso com uma economia na casa de R$ 1 trilhão, tal como desejada pelo ministro Paulo Guedes, e que o relatório estará pronto para votação em 15 dias. Não só isso, foi aprovada a MP da reforma administrativa, da MP anti-fraudes do INSS e também, por iniciativa própria, a reforma tributária na CCJ. Em consequência, o Ibovespa avançou 4% na semana, e o dólar recuou cerca de 2%, assim como os DIs ao longo de toda a curva, praticamente neutralizando o desempenho negativo da semana anterior.

 Vale dizer, este desempenho se deu na contramão do cenário externo, onde o recrudescimento da guerra comercial entre os EUA e a China tem feito estragos consideráveis sobre o panorama do comércio mundial e, por conseguinte, do desempenho das commodities, fazendo os ativos de risco recuarem em uníssono, com destaque para o petróleo, que recuou 5,8% na semana.

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Fonte: CDN Comunicação