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25 Maio 2021 - A dor de perder um filho é um dos piores momentos da vida. Afinal, a lógica da natureza humana diz que os filhos devem sepultar os pais, e não o contrário. Para muitas famílias, porém, a dor não é apenas da perda, soma-se a ela a incerteza de não saber o que de fato aconteceu com o filho, pai, mãe, irmão, sobrinho, neto ou mesmo amigo. Essa angústia é vivida, diariamente, por 217 famílias. Essa é média de pessoas que desaparecem no Brasil todos os dias, de acordo com o Anuário de Segurança Pública de 2020. Apenas em 2019, 79.275 pessoas simplesmente sumiram sem deixar muitas pistas.

O 25 de maio é o Dia Internacional da Pessoa Desaparecida. Em Santa Catarina, a Polícia Civil conta com uma Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidas (DPPD/PCSC) sediada em Florianópolis. Em 2013, quando a delegacia foi criada haviam mais de 18 mil pessoas no cadastro de desaparecidos. Com o trabalho da equipe, comandada pelo delegado Wanderley Redondo, e o cruzamento de dados este número caiu para 6 mil. Hoje, de acordo com o site da DPPD/PCSC, 1.325 pessoas oficialmente desapareceram em território catarinense. Somente este ano, 312 novos cadastros foram feitos.

Em Gaspar, constam nove pessoas desaparecidas. O mais jovem tem 15 anos, com registro de 2019, e o mais idoso é uma senhora de 78 anos, com registro de 2005. Ela é também a pessoa há mais tempo desaparecida no município. Já o registro de desaparecimento mais recente é de 8 de março deste ano. Muitas vezes, a pessoa já foi localizada, porém, a família não comunica o fato à polícia. Hoje, de acordo com levantamento da DPPD/PCSC, menos de 5% das famílias comunicam a polícia que a pessoa foi encontrada. A equipe da delegacia realiza um trabalho quase diário de contato com os familiares para saber se a pessoa reapareceu.

Para comunicar o desaparecimento de alguém não é preciso esperar 24 horas. A orientação é procurar a Delegacia de Polícia mais próxima e registrar um boletim de ocorrência assim que a ausência incomum da pessoa for percebida.

O familiar ou conhecido também pode registrar a ocorrência na Delegacia Virtual no endereço eletrônico delegaciavirtual.sc.gov.br ou pelo site da Polícia Civil de SC (www.pc.sc.gov.br). No site da delegacia virtual também constam todos os registros de desaparecidos.

Um dos avanços que a Polícia Civil aguarda é a criação de um cadastro nacional de desaparecidos. Hoje, os registros são apenas nos estados, ou seja, uma pessoa que desaparece em Santa Catarina não consta no registro de desaparecidos do Estado de São Paulo, por exemplo. Há algum tempo foi criado um grupo temático na Secretaria Nacional de Segurança Pública via Ministério da Justiça com o tema "desaparecidos". Existe a expectativa de que, em breve, seja criado o cadastro nacional de desaparecidos, o que irá facilitar o trabalho da Polícia Civil.

Outra demanda é pelo surgimento de um aplicativo de celular que facilite a notificação de pessoas que reapareceram. Ou seja, a família poderá informar rapidamente à polícia que a pessoa reapareceu ou foi localizada. Os desaparecimentos podem ser enquadrados em três casos: voluntário, neste caso trata-se, na verdade, de uma fuga do lar devido a desentendimentos familiares, violência doméstica ou outras formas de abuso dentro de casa; involuntário, quando aconteceu o afastamento do cotidiano por um evento sobre o qual não se possui controle, como acidentes ou desastres naturais e o desaparecimento forçado, neste caso existe um crime de sequestro.

"SOS Desaparecidos"

A Polícia Militar de Santa Catrina também possui um espaço em seu site para pessoas desaparecidas, porém, com uma quantidade bem menor de cadastrados em relação à Civil. No site "SOS Desaparecidos" constam 86 pessoas. Somente este ano, 27 novos casos passaram a figurar na lista. A diferença do site da PM em relação ao da Polícia Civil é que a pessoa mesmo depois de encontrada permanece no cadastro, porém, com a informação de "Encontrada" ou de "Óbito", se foi o caso de localização do corpo.

Fonte: Jornal Metas.