Corretor apresenta sugestões para aprimoramento do mercado

Continua repercutindo bastante entre os corretores a discussão em torno da irresponsabilidade com que o seguro é comercializado em redes de lojas e agências bancárias, em alguns casos com a cumplicidade de seguradoras. A causa, que foi abraçada pelo CQCS, ganhou a adesão de corretores de várias regiões do país, que vêm apresentando inúmeras propostas. Há quem entenda que o seguro vem sendo tratado com "amadorismo". Essa é a opinião do corretor João Gabriel Guzman, da Disnove Seguros, que disse ter visto "absurdos" tais como banner pendurado na janela de uma casa onde se lia: "vendo avon, natura, seguros de carro e de saúde". Para ele, a exigência de habilitação de quem vende - por parte de quem compra - já seria um bom começo. "As seguradoras deveriam fazer a parte delas. O seguro mal feito pode gerar um processo judicial onde a mesma venha a ser penalizada", comenta. Já o corretor Marcelo Eduardo Evangelista, da Viniplan Corretora de Seguros, diz que é preciso profissionalizar todo o mercado: "percebemos que mesmo dentro das seguradoras existem profissionais despreparados e sem conhecimento. O assistente comercial, com algumas exceções, praticamente só passa na corretora para pedir produção. Quando se faz uma pergunta técnica não tem conhecimento para respondê-la", critica. Por sua vez, Flávio Antonio Mueller, da Mueller-Corretora de Seguros, frisa que no Rio Grande do Sul há poucos corretores em relação a necessidade do mercado. "Para atender a demanda, corretores põem vendedores desqualificados a vender apólices ou, ainda pior, alugam seus registros profissionais para que pessoas não habilitadas constituam corretoras de seguros e contratam vendedores. É um descalabro", denuncia. Ao comentar a proposta de unificação de condições gerais, defendida por alguns corretores, Rudimar Varela, da Prismaseg Corretora de Seguros, diz que é "muito oportuna". Para ele, as condições para cada modalidade de seguro devem ser aprovadas por todas as seguradoras e com supervisão da Susep: "quanto ao perfil para seguro de automóveis, seguiria o mesmo conceito, com modelos iguais para todas as seguradoras e com perguntas bem objetivas", sugere. Mas, nem todos os profissionais pensam assim. Fernando de Lima Pereira Silva, da Renovação Corretora de Seguros, por exemplo, acredita que a unificação nem sempre será o melhor caminho: "podemos correr o risco de nivelar por baixo as condições gerias dos produtos oferecidos nas operações massificadas e perder, assim, o diferencial de oferecer consultoria e garantias amplas aos nossos segurados", observa. Ele propõe que as entidades de classe preparem cartas modelo de contestação à venda de seguros em lojas, concessionárias ou supermercados, sempre que surgir uma denúncia de venda irregular. O Coordenador da Comissão de Riscos Patrimoniais do Sincor-SP, Marcos Marcondes, também participa da discussão, Na visão dele, não haveria essa celeuma se "as condições gerais, particulares e especiais estivessem redigidas de forma clara de modo que qualquer cidadão pudesse entendê-las". Marcondes adverte, no entanto, que no mercado aberto não é possível haver condições unificadas. Ele revela que a Comissão de Riscos Patrimoniais do Sincor-SP tem como objetivo discutir esse assunto, inclusive já tendo enviado carta à Susep a respeito do tema. "A Comissão de Riscos Patrimoniais se coloca à disposição dos interessados. O email é riscospatrimoniais@sincorsp.org.br", anuncia. Outro corretor que concorda com a unificação é Nelson Pina Jr., da Luck Corretora de Seguros. Para ele, outro ponto "importantíssimo" é a qualificação dos corretores de seguros: "além de curso superior, deveria voltar a ser feita pré-seleção, com prioridade aos que já atuam em seguros (prepostos registrados, ascendentes ou descendentes de corretores, funcionários, gerentes de seguradoras, etc.). Sugiro ainda a realização de um tipo de vestibular antes de iniciar o curso, para que se tenha uma analise de conhecimentos básicos do que vem a ser seguros e não uma forma de ter um registro para ganhar dinheiro", acentua. Também o corretor Antonio Ribeiro de Carvalho, da Cogetra Corretora de Seguros, acha que deveria ser feito a unificação ainda a adoção do perfil nos seguros de automóveis, além de se acabar de vez com a figura do preposto de seguros: "a unificação deveria ser em todos os ramos independentemente da seguradora, sem que a companhia possa acrescentar alguma cláusula sem a aprovação prévia de todas as companhias", propõe. Fonte: CQCS