OIT incentiva microsseguro

O sucesso da implantação do microsseguro no Brasil depende da utilização dos canais de distribuição mais adequados, de coberturas que atendam de fato às necessidades do público alvo e da criação de empresas especializadas, ou sucursais de seguradoras voltadas especificamente para esse segmento. A avaliação é do consultor da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Craig Churchill, que conduz os trabalhos sobre microsseguro do Grupo Consultor para Assistência aos Mais Pobres (CGAP, sigla em inglês) daquela entidade. Segundo ele, a comercialização do produto deve ser feita por canais que o consumidor já esteja acostumado. Os melhores canais para distribuição do produto são as organizações que a população já confia e tem algum tipo de relação, receitou. Isto porque, segundo ele, é muito difícil vender apólices individuais nesse segmento e o mais fácil é oferecer a cobertura para grupos. Como exemplo de alternativas, citou cooperativas, entidades religiosas e sindicatos. O desenvolvimento de projetos para a implantação de microsseguros em países como Brasil, Colômbia e Quênia conta com recursos da OIT, da ordem de US$ 500 mil. O presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), João Elisio Ferraz de Campos, estimou que o mercado de microsseguros pode incorporar mais de 100 milhões de brasileiros, que hoje não têm acesso a qualquer tipo de cobertura de seguro. Ele elogiou a política da OIT de apoiar, inclusive financeiramente, projetos de educação financeira do consumidor de microsseguros. Craig Churchill entende que é possível atrelar o microsseguro a programas sociais do governo, como o Bolsa Família, principalmente como incentivo ao pagamento do seguro e na oferta de coberturas básicas. Ele esteve no Brasil, semana passada, para discutir com seguradores e dirigentes de órgãos reguladores o potencial do microsseguro no Brasil. Para ele, desenvolver a cultura do microsseguro leva tempo. O consultor revelou que a Índia é onde esse tipo de produto está mais desenvolvido, devido à estratégia adotada pelo governo local, que exigiu como contrapartida, quando privatizou o setor de seguros, no início desta década, que as empresas direcionassem seu foco também para oferta de coberturas aos mais pobres, nas regiões carentes e áreas rurais. PRODUTOS Ele defendeu, por essa razão, a criação de campanhas de conscientização dos benefícios do produto entre a população de baixa renda. Além disso, o consultor da OIT afirmou que as seguradoras precisarão conquistar o público com um elevado nível de confiança, por meio de coberturas adequadas e, principalmente, rapidez na liquidação de sinistros. Para ele, os produtos precisam ser o mais simples possível e com o mínimo de riscos excluídos. Entre as coberturas que mais se encaixam no modelo ideal imaginado pelo consultor da OIT, que já são comercializadas em outros países, estão os seguros complementares de saúde e vida e o de prestamista, que quita financiamento para a compra de bens em caso de morte do tomador, bem como em caso de invalidez e desemprego. Estas seriam coberturas, por exemplo, para a população urbana de baixa renda. No campo, apontou como boa alternativa as coberturas de rebanhos e de danos ao plantio. Na Índia, faz sucesso o seguro que cobre o custo de translado de pessoas enfermas aos hospitais ou o período de sua inatividade, por meio do pagamento de diárias, relatou Craig Churchill. Fonte: Jornal do Commercio