Riscos da deficiência visual no trânsito

“Nove em cada 10 acidentes são causados por erro humano e poderiam ser evitados”, afirma o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, perito em Medicina do Trânsito e membro da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do tráfego).

Algumas falhas, como por exemplo, fazer ultrapassagem perigosa apontada como a mais recorrente nas estradas, desrespeitar a sinalização ou até mesmo andar colado no carro da frente podem estar relacionadas a problemas de visão não corrigidos. O envelhecimento da população brasileira torna a catarata, doença que opacifica o cristalino, uma importante causa de falhas na condução.

Queiroz Neto explica que no trânsito a catarata faz o motorista ter reflexos mais lentos, piora a visão de contraste e de profundidade, aumenta a fotofobia e dificulta a recuperação ao ofuscamento dos faróis. Estas alterações aumentam em 2,5 vezes o risco de acidentes segundo estudos internacionais. “Se o motorista resolver falar no celular ou enviar um torpedo enquanto dirige, vai trafegar literalmente às cegas”, afirma. Isso porque um estudo americano mostra que o celular reduz a concentração no mesmo nível que a bebida alcoólica.

Alteração visual passa despercebida
Dados do DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito) mostram que o Brasil tem hoje 12 milhões de motoristas com mais de 60 anos. Significa que nesta parcela da população a maioria pode ter catarata. Isso porque a doença surge a partir dos 55 anos e tem incidência maior quanto mais avançada é a idade.
O problema é que no início da doença as alterações visuais passam despercebidas para cerca de metade das pessoas. Por isso, muitos motoristas só descobrem que estão com catarata quando são reprovados no exame da CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Segundo o oftalmologista, a estimativa é de que no Brasil quase metade dos portadores de catarata, 47%, ficam cegos por falta de acesso ao atendimento médico ou porque têm medo de operar.

Fonte: www.cesvibrasil.com.br